Como todo bom adolescente amante do bom e velho rock and roll, em especial o heavy metal, quando se começa a conhecer novas bandas, novos clássicos, ir aos shows, seu envolvimento com a tribo cresce, assim como a vontade de fortalecer aquele estilo de vida. Quem é ou já foi um dia ligado ao estilo sabe do que estou falando. Mas afinal o que isso tem a ver com queimar os navios? É com base nessa introdução que se desenrola o restante da história.
Certa vez me peguei pensando em como eu poderia fazer disso, também a minha forma de ganhar a vida e ainda fazer com que a cultura rock and roll fosse mais forte. O pensamento natural seria me tornar um rock star, mas sabidamente eu não tinha talento algum nem paciência para tocar qualquer instrumento. Pobre de mim se tivesse partido para este lado!
Então uma noite me peguei pensando em como seria ter um bar dedicado ao estilo e rapidamente comecei a pensar em um nome, onde seria, como seria a decoração. Estava tão empolgado que entrei madrugada adentro anotando e tentando organizar todas as ideias, imaginando como seriam todos os detalhes. Eu não sabia, mas estava criando ali o meu primeiro plano de negócios. Lá se vão bons 20 anos!!
Aquela ideia de negócio não decolou porque eu não tinha o capital necessário, mas aquela experiência plantou em mim a semente do empreendedorismo, que mudaria minha vida mais adiante. Depois daquela madrugada em claro eu passei muitos anos tendo diversas ideias de negócios, só que de alguma forma continuei a me sabotar, fosse esperando ter o dinheiro necessário, fazer um curso para entender as finanças ou outro assunto, hora era por conta de a carreira estar indo bem, enfim.
Quando me dei conta, muitos anos já haviam passado desde aquela madrugada e eu estava vivendo o que Robert Kiyosaki chama de “Corrida dos Ratos”, trabalhando por um salário, com hora para entrar, sem hora para sair…Na minha carreira sempre amei o que fazia, mas tinha plena certeza que o meu trabalho poderia gerar valor para todo um ecossistema e não só para um único agente, no caso o meu empregador no momento. Além disso, desenvolvi muita clareza que certos objetivos financeiros também não seriam atingidos se eu continuasse nessa jornada.
Atuar com Sustentabilidade nesse caminho que fiz ao longo de quase 15 anos de carreira corporativa serviu também para identificar e me aproximar daquilo que hoje tenho como propósito de vida. Entendo o propósito de vida como uma razão maior do que simplesmente passar 70 ou 100 anos na vida terrena, mas sim, como através do conjunto dos meus princípios, valores e conhecimento, a diferença que posso fazer nessa passagem por aqui. Acredito piamente que identificar o propósito de vida é o primeiro passo para alcançar a realização pessoal e profissional e por conseguinte construir a real felicidade. Talvez você já tenha ouvido aquele ditado: “a melhor coisa do mundo é fazer aquilo que se ama e ainda fazer disso seu ganha pão” e identificar o propósito de vida passa justamente por isso!
Milhões de pessoas ao redor do mundo vivem uma vida dedicada a empregos que só fazem sentido para pagar as contas ou manter seu padrão de vida, mas longe de permitir a essas pessoas fazerem o que se sentem felizes fazendo e usando todo o seu potencial. Algumas se dão conta que só “sobreviveram” em vida e que se tivessem a chance fariam tudo diferente. Talvez se dispusessem a ganhar menos, mas podendo estar mais próximas da família, dos amigos, viajado mais, ter deixado um legado, enfim. É como sempre falo: o recurso mais valioso que temos é o tempo, porque este é o único ativo que é exatamente igual para todos e que é impossível de ser recuperado!
Mas enfim, chegamos literalmente à queima dos navios! Afortunadamente, a leitura é um dos hábitos que alimento e certo dia lendo um livro me deparei a com a história de um general da Antiguidade que conduziu suas tropas para invadir uma ilha inimiga, e lá chegando mandou que seus homens queimassem os navios nos quais chegaram. Muitos podem pensar: “mas que decisão estúpida! Se precisassem fugir como fariam isso se não tinham mais os seus navios? ”. A resposta é que ao queimar os navios o general determinou a si mesmo e à sua tropa que caso quisessem voltar para casa não haveria outra alternativa a não ser LUTAR e VENCER!
Depois de identificar o meu propósito de vida, que de alguma forma passa por ajudar a construir um mundo melhor por meio da construção de empresas com modelos de negócios sustentáveis, que atuem com respeito ao meio ambiente, valorização e respeito às pessoas, além de transparência e bom desempenho financeiro, o real conceito de Sustentabilidade. Somei a isso o apoio irrestrito ao empoderamento também de micro e pequenos empreendedores e outros que desejam empreender, que necessitam de apoio para enfrentar com clareza, confiança e um bom planejamento a difícil trajetória empresarial.
Claro que a decisão de me aposentar da vida empresarial para me dedicar ao Empreendedorismo e ao meu propósito de vida não foi fácil. Deixar para trás cartões de visita que trazem certo status, poder, um bom salário e benefícios nem sempre é animador. Mas essa decisão se tornou mais fácil quando refleti que cada nova posição que eu assumia já não me trazia a vontade de fazer diferente e melhor, como sempre fiz. Não que não tenha dado meu melhor, mas algo me incomodava e eu sabia que precisava tomar a decisão de mudar o caminho.
Muitas vezes mudar o caminho é doloroso. É preciso estar disposto muitas vezes a ganhar muito menos, não ter mais uma equipe para cuidar de cada ponto. Agora você tem que bater o escanteio e correr para a área para cabecear e nem todo mundo está disposto a fazer isso! Contudo, aqui fica minha primeira dica: se você sente que está no piloto automático e dentro da corrida dos ratos e quer abandonar essa zona de conforto, você não precisa jogar tudo para o alto de uma hora para outra. Planeje a transição, construa uma reserva financeira que permita a você se manter por um tempo suficiente para não depender inicialmente do seu projeto, dentre outros pontos. A transição quando planejada, com certeza te fortalece e lhe dá confiança para seguir em busca dos seus objetivos e da sua felicidade.
Eu abri mão de muita coisa ao tomar a decisão de me dedicar 1000% ao Empreendedorismo e claro, o caminho é cheio de incertezas e de testes ao seu propósito. Diversos convites para empregos vieram, retorno financeiro limitado, pandemia, concorrência, e outras provações. Mas quando você começa a viver o seu propósito muita coisa massa acontece: desde que me “aposentei”, por exemplo, participei de programas de TV como especialista, dei minhas primeiras aulas na universidade, escrevi meu primeiro livro e já ajudei dezenas de empreendedores por meio de aulas, mentorias e consultorias. Mesmo que nem sempre no ritmo que queremos, as coisas vão acontecendo quando você vive e se dedica ao seu propósito.
Resumindo, decidi queimar os navios ao não aceitar fazer mais nada que não estivesse dedicado ao meu propósito de vida. Esse é o real sentido de queimar os navios: não busque alternativas ao seu propósito de vida! Busque sim alternativas às ações que você precisará fazer para cumprir sua missão, mas nunca ao seu propósito. O navio não deve estar sempre pronto para zarpar!
Levo isso tão a sério na minha vida pessoal e profissional que queimar os navios está tatuado na minha pele, de forma que sempre que olho para o desenho me lembro que tenho que fazer algo naquele dia e avançar em direção ao meu propósito!
Espero que a reflexão ajude você de alguma maneira e te convido também a queimar os seus próprios navios (não precisa tatuar viu..rs). Não é fácil, mas você não precisa fazer isso sozinho(a). Busque apoio do seu círculo de convivência e também de quem já passou por esse momento.
Desejo muita clareza e força para você que chegou até o fim da leitura. Hora de agir!
Comenta aqui o que está fazendo para queimar os seus navios ou me manda uma mensagem. Vou ficar feliz de saber e possivelmente te ajudar. Nos vemos na próxima semana!